Compreendendo o sistema de recompensa do cérebro na estimulação cerebral profunda para depressão
- Prof. Dr. João Quevedo 
- 13 de out.
- 2 min de leitura

Para pacientes com depressão resistente ao tratamento (DRT) — aqueles que não respondem a múltiplos ensaios com antidepressivos — a estimulação cerebral profunda (ECP) oferece uma opção promissora, porém ainda experimental. Pesquisas recentes publicadas na Molecular Psychiatry exploram como a atividade cerebral dentro do circuito de recompensa se relaciona com os resultados do tratamento após a ECP direcionada ao ramo ventral anterior da cápsula interna (vALIC).
O que os pesquisadores estudaram?
O circuito de recompensa, que inclui o núcleo accumbens (NAc), o núcleo caudado e o córtex cingulado médio, regula como vivenciamos o prazer e a motivação — funções frequentemente prejudicadas na depressão. Pesquisadores da UMC de Amsterdã investigaram se a atividade cerebral nessas regiões poderia prever quem se beneficia mais da ECP com vALIC.
Quinze pacientes com DRT grave foram submetidos a ressonância magnética funcional (RMf) antes e depois da cirurgia de ECP, realizando uma tarefa que simulava ganhar ou perder dinheiro. A equipe comparou a atividade cerebral deles com a de voluntários saudáveis e examinou como o processamento de recompensas mudou após o tratamento com ECP.
Principais descobertas
- A atividade cerebral basal previu os resultados: 
Pacientes com menor ativação do NAc durante a "antecipação de perda" e maior ativação do caudado e do cíngulo médio durante o "feedback de recompensa" tenderam a apresentar piores resultados do tratamento.
- A ECP melhorou os sintomas, mas não alterou o processamento de recompensas em geral: 
Embora os pacientes tenham apresentado uma redução significativa na gravidade da depressão, suas respostas cerebrais gerais de recompensa não diferiram significativamente dos controles saudáveis após o tratamento.
- Uma nova pista surgiu: 
Aqueles que apresentaram maior ativação no giro frontal médio (GFM) após a ECP — uma área envolvida na tomada de decisões e na regulação emocional — apresentaram maior melhora clínica.
Por que isso importa
Esses resultados sugerem que diferenças individuais no funcionamento do circuito de recompensa podem ajudar a explicar por que alguns pacientes se beneficiam da ECP e outros não. Os resultados também destacam o giro frontal médio como um potencial biomarcador ou alvo complementar para intervenções futuras, possivelmente vinculando os resultados da ECP a terapias de neuromodulação não invasivas, como a estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr).
À medida que avançamos em direção à psiquiatria de precisão, a compreensão desses preditores baseados no cérebro poderá, um dia, ajudar os médicos a personalizar tratamentos intervencionistas, melhorando as taxas de resposta para aqueles que lutam contra a depressão refratária.




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